Olá amigos,
Agora os países que captam nossas empresas calçadistas para levá-las ao exterior contam com mais um forte aliado. Vejam que a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), que tem como meta apoiar a atração de investimentos estrangeiros para o nosso país, parece que tem uma nova função: fomentar a exportação de empresas e empregos. Pois esta mesma agência iria promover em Novo Hamburgo nesta quinta-feira, dia 29, o Seminário de Internacionalização para o Setor de Calçados e Componentes, onde a Apex traria técnicos e diplomatas da República Dominicana para ensinar os empresários gaúchos a levar suas fábricas para o Caribe aproveitando as vantagens fiscais, cambiais e logísticas locais.
Graças a protestos de diversas entidades do estado e principalmente do Vale do Sinos ligadas ao setor coureiro/calçadista, como a ACI de NH/CB/EV, a Apex resolveu voltar atrás e cancelar o evento. Não há o mínimo cabimento que uma entidade estatal que deve fortalecer a economia de nosso país e de nossa região faça exatamente o contrário, facilitando a exportação não de produtos, mas sim de empresas e vagas de trabalho. Já é difícil para nós como administradores públicos enfrentarmos a concorrência de outros países que oferecem inúmeras vantagens para levar as empresas de nossas cidades, seja por isenções fiscais que não seria viável cobrirmos, combinada com a oferta de mão-de-obra extremamente barata (geralmente a custa dos direitos trabalhistas destes funcionários).
Enquanto os rumos da economia mundial ensinam que produzir e exportar produtos industrializados é a melhor forma de fortalece uma economia e uma região, o governo brasileiro segue no rumo contrário e enfraquece o setor terciário dia a dia. Será a intenção deles que voltemos no tempo, em direção a uma economia de produtos do setor primário, exportadores de materiais não manufaturados e por conseqüência com menor valor de mercado?
Todo dia lutamos em Campo Bom para uma diversificação de nossa indústria, atraindo empresas de vários setores para fortalecer a cidade econômica e socialmente. Ainda assim batalhamos para manter as empresas do setor calçadista que possuímos, principalmente fornecendo cursos de qualificação profissional a comunidade que proporcionam uma mão de obra mais preparada, gerando um diferencial para o município. Entretanto, não é justo que uma agência do Estado sabote nossos esforços. E de forma tão explícita.
Faz pouco tempo que o governador do Estado, Tarso Genro, afirmou ser o governador do couro e do calçado. Esta ação da Apex é um símbolo de que as ações podem correr muito longe das palavras.
*Aproveito e disponibilizo aqui a carta endereçada a Apex pela presidente da ACI NH/CB/EV, Fátima Daudt, que expressa bem o sentimento de indignação sobre a realização de tal evento no Estado
Faisal Karam
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